habitAR

Eu queria morar num balão
lá é cheio de cores
arco-íris de sabores
e nuvens de algodão,
queria morar num balão
do alto ver pessoas
maldosas e gente-boa
tão longe quanto o japão,
no balão que eu queria morar
ver a vida de outro jeito
viver sob o ar rarefeito
pouca gente ia pra lá,
eu queria morar num balão
subir para ver o vizinho
o ninho do passarinho
perdido na imensidão,
lá que eu queria morar,
cortina azul na janela
água do mar na panela
energia do teto solar,
eu queria morar num balão
lá não teria tristeza
sorrisos em cima da mesa
natureza em oração,
ah! como eu queria morar num balão...

iMUNDO

Saindo do circo armado
encontrei um reino assaltado
só sobrou vadiação,
roubaram a fé e o caráter
o riso e o camarote
levaram até o ladrão,
levaram também a coragem
a força e a humildade
não sobrou um cidadão,
capaz de ficar nesse mundo
escuro e imaturo
presos com o pé no chão,
não sobrou um cabra-macho
valente e sem frescura
pra amar uma mulher,
as mocinhas foram embora
procurar mundo afora
um consolo qualquer,
nada sobrou do reinado
daquele rei afastado
livrado pelo INSS,
cujo a verruga no pé,
ele disse ser tumor
provado pelo atestado
comprado de um doutor,
nada se espera do mundo
que todo mundo reclama
mas tranquilo vai se deitar,
e nada faz por quem ama
ou por quem ainda há de amar.

me musica

Surjo por vários caminhos
em bares com boemia
nos vilarejos em festa
em saltos durante o dia,
passo por gerações
palavras de protesto
me falo até com gestos
calmaria ou rock'n'roll,
chego por várias passagens
pelo ar e por luares
com todos os tipos de medo,
sigo seguindo o instinto
um cálice e uma dose
um suspiro e vinho tinto
uma breja com os amigos
ou em copos de absinto
venho por tanto lugares
atravesso oceanos
me levo por mares
me solto no vento,
sei que a noite não termina
sem uma bela nota
o meu som significa
que a vida está de volta...

daquilo que há em mim

Andei pensando...

não preciso parar pra pensar
muito menos pensar em parar
por isso pensei andando,
vendo tudo que há de lindo
vendo, alugo e empresto
não me contento com o resto
do inteiro que já me sinto,
da lua que ontem sorrindo
me arrancou um belo sorriso
do céu que o azul me encanta
me veio um nó na garganta
e a vontade de chorar,

sentimento tão confuso

mescla de alegria e medo

fiz uma prece em segredo

e tudo voltou pro lugar,

com o meu nariz de palhaço
eu sigo seguindo meus passos
pra não errar o caminho,
vou seguindo atrás de mim
desviando dos espinhos
das rosas do meu jardim...

MUDOu

Não julgue a vida como injusta, ela é o resultado do que você faz, então vá e faça suas escolhas. Elas te levam, te perseguem e agora te aplaudem, as vezes elas te confundem mas nada que não se resolva. Perca ou ganhe, depende do seu sexto sentido, de onde você o busca e daquilo que chamamos de livre-arbítrio. Há chances de voltar atrás e há vozes que pedem pra que fique, se conselho fosse bom eu diria: siga sua razão pois seu coração engana, dependendo da situação o coração não faz bom trabalho, aliás, atrapalha. Então, a gente se rende e abaixa seu volume, tapa seus sentidos e tenta fazê-lo mudo. Assim ele não se machuca, não cai, não quebra, assim ele fica intacto, pra quando a voz voltar, ele escutar: Fez a coisa certa! Pois um coração quando fica mudo, não canta mais canções de amor, não reage mais ao rancor e deixa tudo passar... o cérebro sente então que é hora de mudar, falar mais alto, gritar sem dar vez ao que passou. Porque se errar, quem responde é seu corpo, ele sente e coração pressente, mas o cérebro te condena pra sempre...

do quê?

O mundo não para
pra que você pule
ele não fala
pra que entenda
o mundo ensina
o que você aprende
ele faz com que se renda
depende da sua alma
o mundo acalma
transforma
depende do que te forma
daquilo que te alimenta
do que te informa
do espírito que orienta
deforma, reforma
a paz que te sustenta
o mundo não cala,
cala!
aguenta!