segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Contando

Você é conto,
eu sou verso
livre
poema desmedido
em rimas falhas.

Sou folhas pautadas
escritas com histórias
curtas,
que não acabam
no ponto final,
nem na métrica.

Seguindo tuas linhas
tortas
rabisco tudo
em páginas brancas
já preenchidas
com cores gastas
porém vivas.

domingo, 27 de julho de 2014

Dentro de si

Todos os sentimentos
nele,
todos do mundo,
Cruzam com desejos
e frias vontades
geladas e egoístas.

Ele se desconhece
em todos os pretéritos
perfeitos ou imperfeitos,
O que era ao meio
continua incompleto
E num futuro,
incerto,
Se desfaz em mil pedaços.

Dentro dele
formas e sonhos,
Ilusões discretas
sutis,
Pra recriar
o velho Novo

ele.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sem fórmulas

Esgotado o estoque
de palavras de amor
chega de versos
chega de rima
de toda aquela pureza
da matéria-prima,
vidas se fundiram
além da química
sem leis da física
dois átomos
um elemento
ocupando
ao mesmo tempo
o mesmo espaço.

terça-feira, 8 de abril de 2014

As pequenas desventuras de grandes problemáticas

Inspirado em: O triste fim do pequeno Menino Ostra de Tim Burton


Princesa caneta 

Essa é a história
da princesa caneta
A cor dela era vermelha
Sua tampa era preta
Mas o seu sangue era azul
Já dizia sua mãe,
a grande rainha perneta.
Passou a vida
Escrevendo bobagens
E fazendo careta,
Preferia sempre as paredes
Do que uma caderneta,
Até que um dia
Foi sequestrada,
Usada, abusada
E abandonada na gaveta.


Senhor Bisonho
Sr. Bisonho era um cara tristonho
Se formou em matemática
E dividia sua vida
Com uma problemática,
a Senhora Desmilinguida.
Em 1 maldito dia
Elevou a dois sua tristeza,
Usou seu melhor terno
Pagou um juiz e tudo
pra vida virar um inferno,
Taí o X da questão
Se interessou mais por química
e achou a solução,
Resolveu o seu problema
de um jeito obsoleto:
1 micrograma de polônio
e 1/2 copo de cianeto.

Dona Luminalda

Assim que o dia escureceu
A Luminalda se acendeu,
Ela tinha esse legado
levar sua luz todas as noites
pra tudo quanto é lado.
Tinha dias que se sentia iluminada
Noutros se sentia usada
E quando a energia faltava
ou a pilha acabava
Lá estava ela, num canto
toda apagada.

terça-feira, 1 de abril de 2014

exaurir

Entitulo a vida:
causa perdida
observando
absorvendo,
Reféns dos atos
altos e baixos
lamúrias
em vãos
comprimidos,
estreita laços
cria inimigos
reais
e diluídos,
perdido
entre eles
e outros
ali,
prozac-ando.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Reflexo

Inconstância
constante
era a menina
frente ao espelho
Dentro dela,
um pote,
meio cheio
E lá fora,
transbordando
o vazio
reconhecível
pelo cheiro
A cidade cheirava
a esgoto,
a menina,
sob a lua
Cheia,
Em busca do todo.

terça-feira, 25 de março de 2014

Ode ao meu

Não te reconheço.
Você já foi tolo
de tanta dor
já quis te matar
Já quis...
Não te reconheço mais
nos livros,
nas batidas,
em suspiros frouxos
Você mudou...
Novos rumos
e desventuras
vivendo,
no mesmo ritmo
mesma coragem
em caminhos novos
Chora por dentro.
E por fora,
inventa empatia
mais corado, mais forte
Não te reconheço,
mas cá entre nós
coração,
te sinto melhor assim.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

...

Entrego os pontos,
crio vírgulas
resgato reticências
...
Esqueço as exclamações,
E pergunto:
- Por quê?

Não há respostas.

Entre colchetes,
conto mais um dia
e entre aspas
meias verdades.

Perdido em parênteses,
carrego sorrisos
fugindo dos pontos

Finais.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Pelo caminho

Há entre nós,
dedos e mãos...
Atados,
destinos...
Cruzados,
pedras e rosas
do lado...

E no meio do caminho,
cheio de nós...

Atados.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

de lá do muro

Muro cinza
o céu, a brisa...
um vazio,
rabisco frio de tinta

sinto sem querer sentir

dia vazio e cinza
sem a certeza,
de você de lá do muro.